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Transformação Digital no Agronegócio: a construção de um caminho acessível para todos os agricultores

A transformação digital vem se popularizando em fazendas no Brasil, onde produtores rurais passaram a ouvir constantemente na TV, de vizinhos e de seus filhos que estão retornando da faculdade, a palavra “digital”. A visão de algo pode ser transformado traz uma perspectiva para aqueles processos que são conduzidos há anos, por várias gerações e da mesma forma, de que podem existir não só um caminho ou só uma verdade absoluta, mas sim, vários e várias, através de um novo percurso, mas que ainda é desconhecido por aqueles que estão no início da jornada.

E a digitalização já é uma realidade no Brasil. O estudo “A Mente do Agricultor Brasileiro” da McKinsey & Company (2022), realizado com mais de 5.600 produtores de nove países, mostrou que os agricultores brasileiros são mais digitalizados do que os europeus e americanos, com uma taxa média de 40%.

Como começar a transformação digital nas fazendas?

A primeira pergunta que se fazem ao ter esse desejo de transformação desesperado é: “mas por onde começar?”, afinal são milhares de decisões que os agricultores tomam por dia. Safra após safra, vemos essa busca aumentar e aqueles que chamamos de early adopters já estão enfrentando essa jornada há alguns anos.

Atualmente, o grande desafio desta jornada não é mais o desconhecimento da necessidade de transformação. A grande maioria dos produtores entendem que as novas tecnologias podem trazer maturidade para suas operações, mas acabam se perdendo ao longo da jornada por minimizarem os desafios do percurso. Sabemos que a transformação digital pode sim trazer resultados melhores, mas a jornada não se resume a uma ação, um processo ou uma safa, é uma mudança cultural e de mentalidade que precisa ser liderada pela gestão. E esse acaba sendo o novo desafio, pois descobrem o real papel da liderança durante o processo de adoção.

Podemos ver as grandes empresas do agro brasileiro formando equipes dedicadas para transformação digital de seus processos internos e algumas delas construindo times de data science para entender comportamentos e janelas de oportunidades de melhorias em suas operações. São milhares de processos que podem ser transformados, desde o planejamento da safra, compra de insumos, plantio até a colheita, a partir de análises construídas por características de suas operações.

Transformação digital e os pequenos produtores

Mas, e quem não é assistido? Existe uma parte do agro brasileiro que acaba não dando o próximo passo na transformação e fica preso no degrau da sotificação atual, pela complexidade e custo de adotar uma nova tecnologia. Esta, na verdade, é a maior parcela do mercado, chamado de “pequeno produtor rural”. Segundo o Censo Agropecuário de 2017, o Brasil conta atualmente com 4,06 milhões de produtores rurais entre grandes, médios e, principalmente, pequenos produtores.

O Brasil possui mais de 4,06 milhões de produtores rurais, segundo o Censo Agropecuário de 2017.

E este é o perfil de produtores que é responsável por toda sua operação. Muitos não possuem equipes ou agrônomos próprios, e assim realizam desde a desde a compra dos insumos, plantio, aplicações de defensivos agrícolas, monitoramento da condição da lavoura durante toda a safra, manejos, além da operação de colheita e análise de resultados.

Se, para os grandes grupos que possuem equipes dedicadas e que estão na vanguarda e mais avançados no processo de maturidade de adoção, a tecnologia é algo complexo, como podemos imaginar o pequeno produtor adotando algum tipo de tecnologia?

Digitalização da análise de dados climáticos

Quando chegamos nas grandes operações, claramente há um valor agregado por simplesmente resolver problemas básicos na forma como monitoram o dado climático atualmente. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, os pluviômetros tradicionais podem subnotificar a precipitação em até 30% ou mais.

Com uma estação mais tecnológica, as fazendas deixam de enviar equipes para limpar pluviômetros semanalmente, coletas manuais deixam de existir e os agricultores passam a ter confiança na captura de dados precisos, que é a base para construção de modelagens.

A análise comparativa a seguir mostra como a captura do dado confiável de chuva é vulnerável através de pluviômetros tradicionais e o sensor tecnológico Mark 2 da Arable.

Estudo de medição de chuva realizado pela organização global de irrigação. O pluviômetro tradicional subnotificou significativamente o nível de precipitação até ser limpo no dia 10 do estudo. México, junho de 2022.

E já imaginou quantas fazendas no mundo tomam decisões diárias sem dados climáticos confiáveis? Sabemos que 60 a 70% das operações agrícolas dependem do clima e a Arable abre as portas para essa adoção, indo além dos grandes grupos. A simplicidade no processo de adoção desta tecnologia, passa a ser uma realidade para as operações agrícolas independente do seu tamanho.

O uso de sensores no campo para medir o dado climático, que antes era possível e viável apenas para o produtor de grande porte, agora também é uma realidade para vários pequenos produtores, como para o Leonardo Coelho produtor rural da cidade de Lapa, no estado do Paraná, destaca a importância de medir o microclima entre as áreas: “Hoje a gente consegue saber se choveu, se não choveu. Como são 4 áreas, 4 fazendas, a gente começou a perceber que tem muita diferença de uma para a outra. Chega a dar diferença de 4ºC de uma fazenda, de uma ponta para outra das nossas terras.

Leonardo e Juliana, produtores que acreditam na tecnologia como aliada na gestão da fazenda.

Leonardo também observou que esta variabilidade impacta diretamente na produtividade da sua lavoura. Segundo ele, “às vezes a soja em uma fazenda se desenvolve muito pior que a outra sendo a mesma variedade. E a gente conseguiu ver que, às vezes, a diferença de chuva e temperatura de uma para a outra é muito grande, é como se fossem totalmente diferentes, como se fosse outra cidade. Em questão de 1km de distância, às vezes chove muito mais e faz muito mais frio”.

Leonardo conclui que “o caminho para o futuro agora é sempre modernizar o máximo possível. E geralmente são grandes produtores que investem, são grandes fazendas como no Mato Grosso, mas está cada vez mais acessível para nós que somos pequenos, ter um controle muito melhor. E para nós está fazendo muita diferença. A gente sente uma confiança muito maior no que está acontecendo lá na fazenda hoje ao ter o acesso a estas tecnologias. Tanto para nós, como para os funcionários porque facilita muito o trabalho deles”.

A tomada de decisão baseada em dados é um dos grandes passos da digitalização do agronegócio e imperativa para o desenvolvimento inovador e sustentável da agricultura em um cenário de desafios e incertezas globais.

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